Por que David Vélez decidiu empreender no Brasil
Bem-vindo ao Almanaque do Curioso. Sua dose semanal de lições atemporais e insights dos maiores founders e CEOs do mundo. Direto ao ponto. Sem mensagem motivacional. Toda quarta, às 07h05 no seu e-mail.
Quando David Vélez desembarcou no Brasil em 2012, não imaginava que estava prestes a fundar um dos maiores bancos digitais do mundo.
Na época, era apenas um jovem colombiano, ex-Stanford, com passagem por grandes fundos, enviado pela Sequoia Capital para explorar oportunidades na América Latina.
A missão parecia promissora: abrir caminho para que o lendário fundo investisse em startups brasileiras. Mas, rapidamente, a empolgação virou frustração.
Havia poucos empreendedores. Muitos estavam apenas clonando modelos americanos — e ninguém parecia disposto a enfrentar os problemas realmente difíceis da região.
“Fui a uma conferência em Nova York e vi oito fundos de private equity apresentando exatamente a mesma tese. Ninguém estava resolvendo os grandes gargalos do continente.”
Ao mesmo tempo, David começava a perceber algo incômodo: apesar de estar em uma posição prestigiada, não era insubstituível. No Vale do Silício, seu perfil — estrangeiro, com background em finanças — era comum. Era mais um no meio de muitos.
Doug Leone, sócio da Sequoia, foi direto:
“Você está no lado do excesso de oferta. Vá para onde há escassez.”
E a escassez, David percebeu, estava em empreendedores dispostos a enfrentar os grandes problemas da América Latina.
Foi aí que um pequeno incidente virou um ponto de virada. Ele tentou abrir uma conta bancária em São Paulo. A experiência foi tão absurda — burocrática, lenta, desrespeitosa — que o choque virou obsessão.
“Passei horas em uma fila, pediram documentos absurdos. Era como se o banco estivesse fazendo um favor em me atender.”
Ele começou a investigar. Conversou com ex-CEOs de grandes bancos. Tentava entender: seria mesmo impossível criar uma alternativa?
As respostas variavam pouco. “É impossível.” “Você vai falhar.” “Os grandes bancos vão destruir você.” “Eles têm conexões demais, capital demais, influência demais.”
O argumento favorito? “Em 1999, tentaram lançar um banco digital e não deu certo.”
“Mas em 1999 o Brasil tinha 5% de penetração de internet. Em 2012, 60 milhões de pessoas tinham um smartphone. Era outro país.”
David ouviu, ponderou — e começou a filtrar o que era alerta legítimo do que era puro medo disfarçado de sabedoria.
Pouco depois, a Sequoia recuou. Decidiu que ainda era cedo demais para investir no Brasil. Convidaram David para voltar ao Vale. Estava feito o dilema.
Ele tinha um emprego dos sonhos esperando. Mas preferiu ficar.
“Eu sabia que, se desse certo, o impacto seria gigantesco. Os maiores problemas do Brasil estavam justamente onde ninguém queria mexer.”
Os cinco maiores bancos do país controlavam 80% do mercado. Era um oligopólio consolidado, com serviços ruins, tarifas altíssimas e milhões de pessoas sem acesso a crédito.
Era também o desafio mais difícil e, por isso mesmo, o mais valioso.
Nascia o Nubank. Com um cartão roxo, sem tarifas e com uma cultura de produto radicalmente centrada no cliente. Os primeiros testes falharam. O primeiro cartão não funcionou na hora de pagar o café. Mas a missão era clara: desafiar os gigantes — e reinventar o sistema financeiro latino-americano.
O resto é história.
Se histórias como a do Nubank te fazem pensar, repensar e querer aprender ainda mais…
Estamos criando um lugar feito exatamente pra isso.
A Comunidade do Curioso Mercado será um espaço fechado para estudar, semanalmente, os bastidores das maiores empresas do mundo — sem clichês, sem fórmulas prontas, só o que realmente funciona.
Além disso, você terá acesso a:
– Todos os vídeos do nosso canal, sem anúncios
– Lives mensais exclusivas com convidados do mercado
– Curadoria de notícias comentadas, com contexto e análise
– E a Biblioteca do Curioso, com materiais pra ir ainda mais fundo
A pré-inscrição já está aberta.
Serão apenas 100 vagas.
A melhor coisa que um ser humano pode fazer é ajudar outro ser humano a saber mais. — Charlie Munger
Se esse conteúdo gerou valor para você, considere compartilhar com um amigo.