O acaso que salvou a história do chocolate
Na edição de hoje: O homem que só queria uma batata frita sem óleo; Jorge Luiz Savi de Freitas: o bilionário catarinense da Intelbras e o acaso que salvou a história do chocolate.
“Em toda a minha vida, nunca conheci pessoas sábias que não lessem o tempo todo — nenhuma, zero.” — Charlie Munger
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⌚ Você sabia que a Rolex e a Tudor foram fundadas pela mesma pessoa? O alemão Hans Wilsdorf fundou a Rolex em 1905 e a Tudor em 1926. Hoje, ambas as marcas integram a Fundação Hans Wilsdorf e contemplam o nível mais alto da relojoaria.
🍟 O homem que só queria uma batata frita sem óleo
Poucos eletrodomésticos tiveram tanto impacto na sociedade quanto a air fryer, ou fritadeira de ar. O equipamento revolucionou a forma como cozinheiros amadores — e também profissionais — fritam os alimentos, evitando o uso de óleo.
O que muita gente não sabe é que, assim como várias invenções importantes, a air fryer também tem uma disputa pela sua criação. Ela não nasceu de uma ideia única, mas de contribuições de dois inventores que, em momentos diferentes, ajudaram a dar vida ao equipamento que hoje é praticamente item obrigatório nas cozinhas.
O conceito inicial do equipamento foi desenvolvido por Chad S. Erickson, um americano que, lá em 1987, já pensava em maneiras de cozinhar com menos óleo. Ele patenteou um aparelho que utilizava ar quente circulando em alta velocidade para cozinhar alimentos, simulando uma fritura — sem imersão em gordura. Apesar da ideia, o equipamento não decolou comercialmente.
Anos depois, quem realmente transformou o conceito em sucesso foi o engenheiro holandês Fred van der Weij. Insatisfeito com suas batatas fritas de forno — que nunca ficavam tão crocantes —, ele decidiu criar um equipamento que resolvesse esse problema. Em 2005, Weij começou a desenvolver a tecnologia que mais tarde se chamaria Rapid Air, que logo chamou a atenção da Philips.
Em 2010, a Philips lançou oficialmente a primeira air fryer doméstica, durante uma feira de tecnologia em Berlim. E a partir daí, o sucesso foi meteórico. Afinal, quem não gostaria de alimentos crocantes com até 80% menos gordura?
Hoje, a air fryer é muito mais do que um eletrodoméstico da moda — é um símbolo de como tecnologia, bem-estar e praticidade podem caminhar juntos. Seu sucesso não é obra do acaso. Ele começou com a inquietação de inventores, ganhou forma com a genialidade de Fred van der Weij e só virou um fenômeno mundial graças à visão da Philips, que apostou no potencial de um produto que parecia, no mínimo, inusitado na época.
A decisão da empresa de investir em um aparelho que prometia fritar sem óleo antecipou uma mudança no comportamento global: pessoas buscando comer melhor, sem abrir mão do sabor e da conveniência. E se hoje ela virou item indispensável, capaz de preparar uma infinidade de alimentos é graças a essa combinação de visão e inovação comercial.
📸 Jorge Luiz Savi de Freitas: o bilionário catarinense da Intelbras
A família Savi de Freitas está à frente da Intelbras, referência nacional na fabricação de câmeras, sistemas de segurança eletrônica e soluções em comunicação. A empresa abriu capital na B3 em fevereiro de 2021, captando R$ 1,3 bilhão em sua estreia na bolsa.
Fundada em 1976 pela família Freitas, na cidade de São José (SC), sob o nome Indústria de Telecomunicação Eletrônica Brasileira, a companhia conta atualmente com mais de 3 mil colaboradores. Em 2024, registrou uma receita de R$ 4,7 bilhões e um lucro líquido de R$ 528 milhões.
Um dos grandes responsáveis pelo crescimento vertiginoso da companhia é Jorge Luiz Savi de Freitas, membro da terceira geração da família. Pouco conhecido fora dos bastidores do mundo corporativo, Jorge é um daqueles casos de herdeiros que transformaram uma empresa familiar em uma potência do setor.
Nascido em Criciúma, no Sul de Santa Catarina, e neto do fundador da Intelbras, Jorge começou a trabalhar na empresa aos 24 anos como almoxarife no fim dos anos 1970.
Por sua vez, na época de fundação da Intelbras, o Brasil vivia seus dias de telefonia analógica — e foi nesse contexto que a empresa cresceu, apostando desde cedo na produção nacional de equipamentos eletrônicos. Enquanto isso, Jorge, recém-formado em Administração pela PUC-RS, dava seus primeiros passos no mundo corporativo.
Jorge não apenas permaneceu na empresa, como percorreu praticamente todas as áreas: atuou como comprador, gerente do setor administrativo, diretor financeiro e, por fim, presidente do Conselho de Administração — cargo que ocupou até abril deste ano, quando o repassou a seu filho, Pedro Horn de Freitas. Com um estilo discreto, Jorge esteve à frente da empresa por impressionantes 25 anos.
Sob sua gestão, a Intelbras se tornou a maior fabricante de câmeras e equipamentos de segurança eletrônica do país. A empresa expandiu suas operações e hoje conta com unidades em São José (SC), Tubarão (SC), Manaus (AM), Santa Rita do Sapucaí (MG) e Jaboatão dos Guararapes (PE) e mais de 6200 colaboradores.
Desde 2021, Jorge Luiz Savi de Freitas passou a figurar na lista da Forbes como um dos bilionários brasileiros. Em 2024, seu patrimônio estimado atingiu R$ 4,46 bilhões, posicionando-o entre os dez empresários mais ricos do setor industrial no país. Hoje, com mais de 70 anos, Jorge mantém um perfil discreto. Ainda assim, seu legado fala por si: foi peça-chave na transformação de uma empresa familiar em um verdadeiro império da tecnologia nacional.
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🚢 O acaso que salvou a história do chocolate
Milton Hershey, o icônico fundador da Hershey’s, por pouco não embarcou no Titanic, o transatlântico que naufragou em 1912 no Oceano Atlântico Norte em sua viagem inaugural. Ele e sua esposa Catherine estavam na Europa, com passagens de primeira classe já adquiridas para o navio. No entanto, uma reunião de negócios nos Estados Unidos o fez mudar seus planos de última hora.
Em vez de esperar pela luxuosa viagem inaugural do Titanic, Milton decidiu voltar mais cedo, embarcando no SS Amerika, um outro navio que cruzou o Atlântico dias antes da tragédia. O que poderia ter sido o fim de sua história — e talvez o fim da sua empresa — acabou se tornando um marco decisivo na trajetória de um dos maiores nomes da indústria de chocolates.
Após retornar aos Estados Unidos, Hershey deu continuidade ao seu ambicioso projeto industrial e social. Antes disso, em 1903, ele já havia iniciado a construção da sua fábrica de chocolates na zona rural da Pensilvânia. Em torno dela, fundou a cidade de Hershey, oficialmente estabelecida em 1906, com a visão de criar uma comunidade modelo para seus funcionários — oferecendo moradia, escolas, transporte, hospitais e espaços de lazer. Para Milton, o sucesso de um negócio deveria caminhar junto com o bem-estar de quem o tornava possível.
Em 1909, criou a Milton Hershey School, uma escola gratuita voltada para crianças órfãs ou em situação de vulnerabilidade. Mais do que caridade, era sua forma de retribuir à sociedade e garantir um futuro digno para aqueles que não tiveram as mesmas oportunidades. Anos depois, em 1918, Hershey chocou o mundo ao doar praticamente toda a sua fortuna — incluindo o controle acionário da empresa — ao fundo fiduciário da escola, um gesto de filantropia incomum para a época.
Durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, a Hershey’s também desempenhou um papel crucial fora dos mercados. A empresa forneceu milhões de barras de chocolate às forças armadas americanas, algumas delas desenvolvidas sob medida para resistir ao calor e durar longos períodos. Conhecidas como “D Ration”, essas barras alimentaram soldados no front e se tornaram um símbolo silencioso da presença americana durante os conflitos.
Com o passar das décadas, a Hershey’s se consolidou como uma gigante do setor de confeitaria. Hoje, está presente em mais de 80 países e mantém um portfólio de marcas reconhecidas globalmente, como Reese’s, Kisses, Kit Kat (nos EUA) e Twizzlers. Em 2024, a companhia registrou uma receita superior a US$ 11,2 bilhões e segue investindo em inovações, sustentabilidade e expansão internacional.
No Brasil, a presença oficial da empresa começou em 1998 com a chegada de um portfólio de produtos importados. Três anos depois, em 2001, a empresa deu um passo importante ao adquirir a icônica marca Io-iô Cream e iniciar a produção local de suas primeiras barras de chocolate, na cidade de São Roque (SP). A inauguração da fábrica marcou o início de uma fase de inovação no país — e, entre os lançamentos de destaque, está a introdução da linha Special Dark, em 2006, que levou a Hershey’s ao universo dos chocolates amargos.
Milton Hershey sobreviveu ao destino do Titanic por um simples acaso, mas foi sua visão e capacidade de sonhar grande que realmente o salvaram do anonimato. Ao transformar chocolate em instrumento de transformação social, ele mostrou que grandes histórias não dependem apenas de sorte — mas de propósito.
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